sábado, 7 de maio de 2011

Uma retrospectiva - 14 anos


Desde meia noite estou acordada.e parece que tudo vai acontecer novamente. sinto dores, mas dessa vez são cólicas de TPM e não de parto.
Fui tantas vezes ao banheiro. minha ex-sogra tinha me dopado de chá pois naquele mesmo dia eu ficará sabendo que o genitor do meu filho estava namorando outra, há muito tempo...
era de terça pra quarta. meu parto estava marcado para quinta dia 8. ja passava de 10 meses de gravidez. eu fazia força pra fazer xixi e sentia muitas colicas. ate que por volta da 5ª vez eu cai de dor. me arrastei ate o quarto dos meus pais e disse: eu morrendo de dor. eles deram um pulo da cama, e quando eu vi, ja estava dentro do carro. bom... me dói reconstruir tudo aquilo. mas essa noite eu acompanhei cada minuto.as 5:45 da manha, eu pensei: Alexandre nasceu. fiquei me lebrando dos momentos que seguiram. até eu ser levada pro quarto. e depois sair e entrar no berçario pra pegar meu filho pela primeira vez. a enfermeira me expulsou de lá, claro. mas ja nao havia volta. era meu filho.
recebi a visita dos avós, dos amigos de colégio, do padrinho. ta bom, né?
voltamos pra casa, enrolado com a manta do mengão. esta no sangue. mais um flamenguista fanatico no mundo, rs. eu passei horas escutando uma musica que repetia direto, e eu nao sei da onde vinha... da copa, talvez. RONDA. nao saiu da minha cabeça. De noite, eu rondo a cidade a te procurar, sem encontrar... acho que seria uma metafora da nossa vida. eu vivo a procurar meu filho, mas nao o encontro apesar de saber onde ele esta. quero pular os dias seguintes. eles estao por vir.
Desde de manha tento ligar pra ele, mas só consegui escutar meu pai falando meia hora da mangueira do carro... quando chego na internet, ele esta no msn! -Alexandre!!! voce ficou de me ligar!!!
ele me diz com tom de adolescente nem aí, que a bateria do celular acabou, e que estava no msn me esperando. oras!! mãe nao dá feliz aniversário por msn! - é assim que voce agradece quem te trouxe no mundo hoje?? -ok, mae. quando vovô chegar eu ligo.
é... volto pra casa abatida, desencantada da vida, parafraseando a musica. nem presente de aniversario ele pediu. disse que o outro avô iria dar... entao tá, então.
hoje, depois de uma trilha que foi otima, eu lei um dos maiores foras, foras nao, uma decepçao pra nao esquecer nunca mais, porque eu chorei. eu chorei porque eu falava demais, porque eu tinha muito sentimento, porque eu me preocupava demais com a vida dos outros, porque eu tive que pedir pra um cara nao me ligar mais, e porque é aniversario do meu filho e ele simplesmente nao age mais como filho unico de mae solteira. acho que agora, sou mae só no titulo. pois, ele ja é um adolescente, que nao quer sair de recife pra morar em brasilia comigo. até nas ferias ele ja me avisou que "ia viajar nas ferias". ok, entao de novo. hoje uma pessoa de quem eu gostava muito, me despejou em casa só porque eu chorei... e nao foi muito. foi um choro de desabafo. eu apenas lhe disse: se voce fosse mesmo meu amigo, apenas um abraço naquela hora iria acabar com minha tristeza. ele disse: mas eu segurei sua mao. só que ele soltou no momento em que realmente eu cai em prantos. entao, quando ele estava vindo me despejar, eu disse: as lagrimas são as palavras do coração. ele respondeu que nao existem amigos nessas horas. ninguem. só familia. no segundo seguinte minha amigona Aninha me ligou pra saber como eu estava, e que estava preocupada com minha voz de abatida ontem no telefone e naquele momento novamente. eu repeti pra ela o que ele tinha dito. a resposta: nem todo mundo, meu filho. eu acho que voce é quem nao tem amigos. naquele momento eu senti como o homem (sexo masculino) pode ser cruel com nossos sentimentos. e até mesmo meu filho, que me fez chorar de novo ao dizer: me de parabens pelo msn. tudo bem. homem é tudo igual. essa hora há 14 anos, eu era uma menina de 16 anos, sozinha numa maternidade. mas na proxima vida, eu vou querer ter muitas filhas. e posso continuar sem os homens. meu coraçao ja esta estraçalhado pra voltar a bater de novo. MAS EU VOU CONTINUAR CHORANDO. todas as vezes que meu coraçao quiser falar. porque eu aprendi a escuta-lo.
NUNCA ME CONTARAM COMO É SER MÃE. MAS DISSO, EU NUNCA DUVIDEI.

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