sábado, 11 de fevereiro de 2012


Quando a gente é mãe, e nosso filho fica doente, e chora de dor nós imploramos à Deus, que passe a dor do nosso filho pra gente. Quando somos filhos/netos, e nossa mãe/vó fica doente e gemem de dor, nós choramos e imploramos pra Deus nos dar aquela dor, enfermidade, e deixarem a gente ficar doente no lugar deles. é o ciclo da vida. que as vezes parece a roda-viva, de Chico. Na minha familia, as discussões as vezes eram sobre quem vai partir primeiro: eu ou minha avó? nós moramos juntas, e só a gente sabe lidar com a doença da outra. Porem, apesar de ser muito mais nova, eu ja tinha sofrido muito e tomo muitos remedios. demais pra uma pessoa tao jovem. e minha avó que era saudavel, começou a conviver com as doenças da velhice. um dia voce é quem cuida, mas quando menos se espera, é voce que esta sendo cuidado. Eu nao tenho medo de morrer. a morte nunca me assustou, sou doutrinada para entender cada vez mais "o lado de lá". Mas perder alguem que eu amo, talvez fosse a analogia de buscar pra mim, uma ficha no Umbral. Lidamos com perdas todos os dias: quando alguem se afasta de voce, quando termina um relacionamento, quando os filhos saem de casa, quando mudamos de emprego ou terminamos nossos estudos. Pouca gente sabe comemorar um dia a mais de vida. Nos importamos com que os outros pensam, nos incomodamos com o que os outros falam, e sofremos horrores quando levamos um pé na bunda. e voce nesse momento tao egocentrico, nao dá valor ao(a) amigo(a) que esta ao seu lado te confortando. ta se achando um(a) tremendo(a) egoista? eu me achei ao ler o que escrevi. Dai eu vejo alguem fazendo malabares no sinal, e eu estou no meu carro. sao poneis malditos? são, mas que nao me deixam na mao. uma caixa gigante com todos os remedios imaginaveis, e muitos que me proporcionam qualidade de vida, sendo de uso continuo. Deve ter uns 3 mil reais em remedios ali. sem exagero pra quem frequenta a farmacia todo mes. infelizmente, ou felizmente, dois eu consigo usar quando minha avó fica doente. meu not faz mais barulho do que turbina de avião. pelo menos eu tenho ele agora pra poder contar isso pra voces, enquanto o barulho me irrita, e eu nao posso colocar o fone, pra ficar atenta na minha avó. Como a maioria sabe, eu sou uma admiradora do ser humano. aquele que ta sentado numa parada no meio de uma estrada de um lugar vazio. aquela que anda com um peso, sem reclamar no caminho de um casebre que mal vejo. nossa, eles devem ter histórias que me deixariam horas ouvindo. assim como escuto os pacientes, que mais felizes são, ligados na quimeoterapia, enquanto seus acompanhantes estao com cara de quem discobriu que é corno(a). 
Voces leram tudo isso, mas...algo mudou na sua vida? infelizmente acho que não. Mas como as pessoas são fãs da morte, na hora que eu partir, voces vão ler, e até chorar! não chorem. voces tambem vao deixar este plano. mas quem sabe escrever uma história, que pelo menos uma pessoa vai parar pra refletir quando lê, eu acho que valeu a pena estar 38 horas sem dormir, velando o sono da minha avó, com minha santa Clara e meu Anjo da guarda, cuidando da NOSSA DOR. e quem sabe, tambem, comecem a dizer Surya Namastê: BOM DIA AO SOL. todos os dias quando eu acordar.

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